Empresas projetam demissões com suspensão de desoneração da folha pelo governo

Empresas dos setores alcançados pelo mecanismo já projetam queda produtiva e demissões com a suspensão da desoneração da folha de pagamentos. Segundo entendimento da Receita Federal, a liminar do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), tem efeitos desde sua publicação 26 de abril, o que significa que, a partir de maio, as empresas devem voltar à recolher para a Previdência com base na remuneração dos funcionários e não mais com base no faturamento.

De acordo com o presidente da Federação Nacional de Call Center, Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e de Informática (Feninfra), Vivien Suruagy , informou que 16% dos 2,5 milhões de empregos gerados pelas empresas desses setores estão em risco.  Segundo Suruagy, a previsão de perda de emprego é de, aproximadamente, 400 mil trabalhadores em dois anos, fora a quebra de empresas.

“A situação é muito crítica”, aponta. Suruagy diz que as empresas também estão suspendendo negociações com entidades sindicais, porque “não têm o que oferecer para o trabalhador”, afirma Vivien Suruagy.

Articulação
Com o apoio de parte dos líderes do Congresso Nacional, como do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), representantes dos setores produtivos trabalham em várias frentes para reverter o quadro.

No STF, o voto de Zanin foi acompanhado por outros quatro ministros. Quando o placar estava 5 a 0 pelo fim da desoneração, o ministro Luiz Fux pediu vistas, e o julgamento foi interrompido. Restam seis votos, o que significa que a volta da desoneração depende de apoio integral dos ministros que ainda vão se manifestar.

Pacheco e os representantes setoriais tentam convencer os demais ministros a votar a favor da desoneração. “Nós vamos por diversos caminhos. Um é o convencimento no STF, claro. Nós não temos condição de pagar isso, é uma insanidade este valor vir agora, de repente”, diz Suruagy. No direito, amicus curiae é uma medida que permite um terceiro interessado, que não faz parte do processo, oferecer informações sobre a demanda que está sendo julgada.

Ainda sobre a articulação, Fernando Valente Pimentel, diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), diz que, no momento, “há muito calor” e “pouca luz”, e que ainda não há consenso sobre o melhor endereçamento quanto ao tema.

“Estamos tratando com o Congresso, que foi desrespeitado na sua decisão soberana, entende que devemos encaminhar e endereçar a questão. Nós estamos vendo as partes jurídicas, do ponto de vista mais objetivo e prático para as empresas. Agora, no que diz respeito à solução pelo Legislativo, nós estamos mantendo conversa com os parlamentares, mas ainda não tem o melhor endereçamento”, indica.

 

 

 

 

 

 

Leilane Vilaça sob supervisão