O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), sugeriu que Bolsonaro e seus apoiadores deveriam ser ‘jogados na vala’.
O governador afirmou que eles deveriam ‘pagar a conta’ pela pandemia de Covid-19, e, em seguida, fez as declarações polêmicas na última semana, durante a entrega de um colégio estadual na cidade de América Dourada, no interior da Bahia.
– Tivemos um presidente que sorria daqueles que estavam na pandemia sentindo falta de ar. Ele vai pagar essa conta dele, e quem votou nele podia pagar também a conta. Fazia no pacote. Bota numa enxedeira… Sabe o que é um enxedeira? Uma retroescavadeira. Bota e leva todo mundo pra vala – disse.
Bolsonaro repercute declaração de Jerônimo Rodrigues
Na segunda-feira (05), o ex-presidente comentou a declaração do petista, que afirmou que deveriam jogar Bolsonaro e seus apoiadores na vala. Além disso, ele também questionou por que as autoridades não iniciaram uma investigação sobre o caso, destacando que nenhum órgão competente abriu um inquérito para apurar o ocorrido.
– Não houve abertura de inquérito, nem busca e apreensão, tampouco convocação da Polícia Federal para apurar incitação à violência. Nenhuma nota de determinado do STF, nenhuma indignação de determinado ministro que se diz fervoroso interessado no assunto, nenhuma capa de jornal tratando o caso como “ameaça à democracia”. Ao contrário: silêncio, cumplicidade ou até aplausos discretos – escreveu.
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Incitação á violência política após fala sobre “jogados na vala”
O ex-presidente também declarou que “esse tipo de discurso, vindo de uma autoridade de Estado, não apenas normaliza o ódio como incentiva o pior: a violência política, o assassinato moral e até físico de quem pensa diferente. Nesse caso, a institucionalização da barbárie com o verniz de ‘liberdade de expressão progressista’.
– Agora imagine se um apoiador de Bolsonaro dissesse algo remotamente parecido, ou usasse a palavra “vala” em qualquer contexto. Seria manchete, seria prisão, seria processo por “discurso golpista” e “incitação ao ódio”. O padrão é claro: só há crime quando convém ao sistema, só há repressão quando o alvo é a oposição – apontou.
O líder conservador concluiu com a seguinte pergunta: ‘Se as autoridades permitem que se deseje a morte de opositores impunemente, o que mais estarão dispostas a permitir? Além disso, o que mais pode vir à tona com a conivência de quem deveria conter o extremismo, e não alimentá-lo?”.
Segundo o ex- presidente, a verdadeira ameaça à democracia, portanto, não está em frases de WhatsApp ou em manifestações populares.
“Na realidade, a democracia ela reside, portanto, no alto da cadeia de poder, onde, paradoxalmente, os mesmos que gritam por ‘tolerância’ e ‘combate às fake news’ são os que, na prática, incitam o ódio, mentem descaradamente e permanecem blindados por um sistema que, claramente, escolheu lado” – finalizou.
O episódio reacendeu, assim, o debate sobre os limites da liberdade de expressão no discurso político e o papel das instituições diante de declarações que podem ser interpretadas como incitação ao ódio.
Por um lado, os apoiadores de Jerônimo Rodrigues afirmam que ele fez uma crítica simbólica ao negacionismo durante a pandemia. Por outro lado, os opositores exigem que ele seja responsabilizado legalmente e o acusam de promover intolerância e violência contra seus adversários políticos