Presidente citou o Partido dos Trabalhadores em estar ligado à supostas fraudes nas inserções de campanha de seu partido em rádios
O presidente Jair Bolsonaro (PL) comentou a exoneração do servidor público Alexandre Gomes Machado, responsável pelo recebimento e disponibilização de propagandas eleitorais no sistema eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), após denunciar fraudes nas inserções de rádios do Norte e Nordeste.
Durante evento de campanha em Teófilo Otoni, Minas Gerais, nesta quarta-feira (26), Bolsonaro declarou que mais uma vez foi vítima do TSE.
“É o assunto do momento, mais uma do TSE. Vocês têm acompanhado as inserções do nosso partido que não foram passadas em dezenas de milhares de rádios pelo Brasil. Sou vítima mais uma vez. Aonde poderiam chegar as nossas propostas, nada chegou. E não será demitindo um servidor do TSE que o PT vai botar uma pedra nessa situação. Aí tem dedo do PT. Não tem coisa errada no Brasil que não tenha dedo do PT. O que foi feito, comprovado por nós, pela nossa equipe técnica, é interferência. É manipulação de resultados. Eleições têm que ser respeitadas, mas lamentavelmente o PT e o TSE têm muito o que explicar nesse caso”, afirmou.
Posteriormente, Bolsonaro apresentou pautas ligadas à economia e à família.
O caso
A exoneração do servidor público acontece dias após a campanha de Jair Bolsonaro denunciar supostas irregularidades em inserções do candidato em rádios do Norte e Nordeste. Na última segunda-feira (24) , o ministro das Comunicações, Fábio Faria, e o chefe de comunicação da campanha de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, afirmaram em coletiva de imprensa que diversas inserções deixaram de ser veiculadas em rádios, falando em “grave violação do sistema eleitoral”. Segundo eles, uma auditoria contratada pela campanha do presidente flagrou irregularidades nas inserções publicitárias do candidato.
Após as denúncias, foi apresentado um requerimento ao Tribunal Superior Eleitoral pedindo a “imediata suspensão da propaganda de rádio” da campanha de Lula. Em resposta, o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, se manifestou, afirmando que as acusações são “extremamente graves” e determinou que a equipe jurídica do presidente apresente, dentro de 24 horas, “provas ou documentos sérios” que corroborem a alegação de fraude, sob pena de indeferimento de instauração de inquérito para apuração de crime eleitoral. Na terça, a campanha do atual mandatário entregou à Corte Eleitoral um link do Google Drive com os dados que justificariam o levantamento realizado e as supostas fraudes.
Depoimento
Em depoimento à Polícia Federal, o servidor público Alexandre Gomes Machado, então assessor de gabinete da Secretaria Judiciária da Secretaria Geral da Presidência, alega ter sido demitido “sem que houvesse nenhum motivo aparente”, após tomar conhecimento sobre suposto erro nas inserções da propaganda eleitoral em uma rádio. À PF, Alexandre Machado diz ser “vítima de abuso de autoridade” e admitiu “temer por sua integridade física”.
No depoimento, o ex-servidor também afirma que desde 2018 tem informado sobre falhas de fiscalização na veiculação de inserções da propaganda eleitoral gratuita, o que teria, segundo ele, motivado a sua demissão. Ainda de acordo com Machado, ao ter conhecimento sobre os erros na rádio JM On Line, ele teria comunicado a falha para Ludmila Boldo Maluf, chefe de gabinete do secretário-geral da Presidência do TSE, sendo exonerado cerca de 30 minutos depois e “conduzido por seguranças ao exterior do Tribunal”.