Já pensou em passar 10 dias deitado sem fazer nada e ainda receber um bom dinheiro por isso? A Agência Espacial Europeia (ESA) está recrutando voluntários para um experimento onde os participantes precisam ficar deitados em um colchão d’água por 10 dias seguidos e, em troca, recebem 5 mil euros — cerca de R$ 31,2 mil.
Chamado de Vivaldi III, o estudo tenta reproduzir, aqui na Terra, os efeitos da microgravidade no corpo humano. A ideia é entender melhor as mudanças fisiológicas que ocorrem no espaço e como minimizar seus impactos. O experimento acontece na Clínica Espacial Medes, na França.
Como funciona a experiência?
Apesar de parecer confortável, os voluntários não ficam simplesmente deitados em uma cama comum. Eles permanecem suspensos sobre um líquido e cobertos por um tecido impermeável que impede o contato direto com a água. A técnica, chamada de imersão seca, simula a ausência de gravidade e cria a sensação de flutuação.
Os participantes ficam submersos até a altura do peito, com a cabeça e os braços para fora, passando por algo semelhante ao que astronautas experimentam na Estação Espacial Internacional (ISS).
Durante os 10 dias, eles não podem sair da posição reclinada. As refeições são feitas sobre uma tábua flutuante, e um travesseiro especial ajuda a manter a postura. Até para as necessidades fisiológicas há um esquema específico: os voluntários são transferidos para uma maca, sem abandonar a posição.
Quem pode participar?
A ESA busca homens entre 20 e 40 anos, saudáveis, não fumantes, com IMC entre 20 e 26 e altura entre 1,65 m e 1,80 m. Os candidatos precisam estar em boa forma física e praticar exercícios regularmente.
Quem tem restrições alimentares ou condições médicas que exigem tratamento não pode se inscrever.
Impactos para a ciência e a medicina
A ausência de gravidade provoca diversas alterações no organismo, como perda de massa muscular, redução da densidade óssea e mudanças hormonais. O estudo mede esses impactos e investiga as conexões entre os sistemas nervoso e visual, além da resposta imunológica do corpo.
Embora o foco seja a preparação de astronautas para missões espaciais longas, os resultados também podem ajudar a medicina aqui na Terra. Pacientes acamados, idosos e pessoas com doenças musculoesqueléticas podem se beneficiar das descobertas.
“Ao estender esse período e compará-lo a outros métodos de simulação, estamos aprimorando nosso entendimento sobre os efeitos da gravidade zero no corpo humano e como minimizar seus impactos”, explicou Ann-Kathrin Vlacil, líder da equipe de ciências aplicadas à exploração humana da ESA, em comunicado.
Metrópoles