Cartões de vacina: PGR analisa novos dados da PF sobre fraudes

Enquanto acompanha os achados da quarta fase da Operação Última Milha – investigação sobre a ‘Abin paralela’ – e analisa o relatório final do inquérito das joias sauditas, que levou ao segundo indiciamento de Jair Bolsonaro, a Procuradoria-Geral da República (PGR) também terá de avaliar o resultado das diligências complementares solicitadas à Polícia Federal (PF) na investigação sobre a fraude na carteira de vacinação do ex-presidente.

Na quinta-feira (18), os investigadores entregaram ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a resposta a questionamentos do procurador-geral da República, Paulo Gonet, feitos em abril. O PGR pediu informações adicionais antes de decidir sobre eventual denúncia criminal.

O inquérito da vacina levou ao primeiro indiciamento de Bolsonaro. A PF atribui a ele associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informação.

Ainda na quinta, Moraes mandou o documento da PF para a Procuradoria. Gonet tem 15 dias para se manifestar sobre as diligências adicionais realizadas pelos investigadores. O documento da PF reúne informações colhidas em cooperação internacional com os Estados Unidos, além de resultados de perícias em aparelhos confiscados no bojo da investigação e também detalhes sobre a apuração que levou à abertura da mais recente fase da Operação Venire, no início do mês.

‘Qualquer lote está bom’
Os investigadores apontam ao STF que a complementação da análise de dados armazenados em um celular apreendido com uma servidora da prefeitura de Duque de Caxias (Baixada Fluminense) revelou “a constituição de uma grande estrutura na prefeitura para a prática de inserção de dados falsos de vacinação em benefício de diversas pessoas”.

Segundo a PF, foram encontradas mensagens trocadas entre o ex-secretário municipal João Carlos Brecha, duas servidoras e a secretária municipal de Saúde Célia Serrano, além de inserções de dados de vacinação com indícios de fraude, por uma das funcionárias públicas, “a mando de Célia”.

Os investigadores citaram diálogos sobre a inserção de dados em nome dos sobrinhos de Gutemberg. Nas conversas, a servidora Cláudia Helena questiona Célia sobre o lote de vacinas a ser inserido no sistema.

– Qualquer lote tá bom – respondeu Célia.

A corporação ainda identificou registros de que três pessoas supostamente teriam sido vacinadas duas vezes no mesmo dia, em estabelecimentos de saúde diferentes.

 

 

 

 

Wemilly Moraes