Um paciente recebeu cerca de 500 atendimentos
O Ministério Público realiza uma investigação, em 50 cidades do Maranhão, onde o dinheiro da saúde estaria sendo desviado. Um paciente recebeu cerca de 500 atendimentos, além de atendimentos a um paciente falecido.
No Brasil, 93% da verba foi destinada ao Maranhão para tratamento pós-covid. O SUS oferece procedimentos e consultas a pacientes com sequelas causadas pelo vírus.
A verba é repassada da seguinte forma: o município seleciona os pacientes que passaram pelo tratamento e o ministério da Saúde realiza a liberação do recurso automaticamente no mês seguinte.
Um paciente identificado como Clóvis Vieira Vasconcelos que aparece na lista morreu antes de realizar o procedimento. A esposa de Vieira, descobriu que seu nome também fazia parte da lista de pacientes, com seis atendimentos, mas ela afirma nunca ter realizado nenhum deles.
Willian Simões Garreto, paciente que aparece 500 vezes na lista de atendimentos, nega que tenha realizado algum dos procedimentos.
Municípios que constam na lista:
Em Mata Roma, municípios com 17 mil habitantes, a verba destinada para o tratamento foi de 34 mil tratamentos. Na região há apenas dois fisioterapeutas. Segundo a lista de pacientes, é como se cada um deles tivesse 260 atendimentos por dia.
No município de Chapadinha, região com 80 mil habitantes, registrou 208 atendimentos, recebeu do governo federal R$ 3.983.585,40.
Belágua, com 7,5 mil habitantes, consta que foi realizado 50 atendimento pós-covid. Mas, na região apenas 446 pacientes testaram positivo para doença. A verba destinada a prefeitura foi de R$ 1 milhão para sequelas deixadas pelo vírus.
Já no município de Afonso Cunha, região com 6,6 mil habitantes, na lista de tratamentos é como se cada morador tivesse realizado 54 consultas.
De acordo com o Ministério Público Federal do Maranhão as investigações mostram a possibilidade de um sistema informatizado, talvez até com utilização de algoritmos, e suspeita de que existe uma coordenação na alimentação de dados.
O Ministério Público informou que foram criadas travas no sistema para evitar que isso aconteça e que problemas como esse sejam detectados e investigados.
Pronunciamento das Prefeituras:
De acordo com o chefe do gabinete de Mata Roma, a Secretária de Saúde seria a responsável por explicar a situação, mas que o responsável pela pasta estaria viajando.
Em Chapadinha, cidade onde o nome de Willian Simões Garreto também consta na lista, o secretário municipal de Saúde, Alberto Carlos Pereira Junior, informou que não sabe precisar o número de atendimentos nem valor recebido, e afirmou que o município “passou por uma auditoria recente” que investigou a alteração de dados. O secretário disse que o município irá devolver o valor da verba destinado a região.
O prefeito de Belágua, Herlon Costa Lima, disse que “um digitador” é responsável por erros que levaram à quantidade enorme de tratamentos pós-covid em lista. Ele afirma que “a responsabilidade é objetiva, vai sobrar para o prefeito”.
Em Afonso Cunha, o prefeito Arquimedes Barcelar, também diz que o responsável pelo levantamento e planilha é o digitador. Ele afirma também que “não há desvio de dinheiro”, mas consta que o prejuízo com os tratamentos fantasmas na cidade passam de R$ 8 milhões.