O Partido dos Trabalhadores está em apuros — e isso não é novidade. O que surpreende é a cara de pau com que tenta remediar o problema: com altíssima rejeição entre os evangélicos, Lula e sua turma agora vêm com um “curso de Fé e Democracia” para tentar encurtar a distância com o público religioso. Traduzindo: querem doutrinar evangélico como quem treina cabo eleitoral.
O Datafolha já deu o recado: quase metade dos evangélicos considera o governo Lula ruim ou péssimo. A resposta do PT? Não é corrigir os erros, combater a corrupção nos ministérios, ou tirar a economia da UTI. É criar um curso, com o selo da Fundação Perseu Abramo, para ensinar evangélico a entender o PT — como se o problema fosse ignorância e não repulsa. Querem evangelizar à força um público que já entendeu, há tempos, que entre a fé e o lulismo há um abismo.
É evidente que o curso não é sobre democracia ou fé, mas sobre votos. O PT trata os evangélicos como curral eleitoral, que só merece atenção quando as pesquisas mostram que a vaca está indo pro brejo. A cada dois anos, aparece uma “nova tentativa de aproximação”. Em 2026, querem os votos; até lá, fingem escutar as igrejas, distribuem cartilhas com roteiros para candidatos, promovem encontros simbólicos com lideranças “progressistas” — enquanto o povo sente na pele os efeitos de um governo apático, desmoralizado e mergulhado em escândalos.
O governo Lula 3 naufraga em promessas não cumpridas, inflação persistente e um cenário econômico que penaliza principalmente os mais pobres — justamente a base que deveria ser prioridade. Enquanto isso, ministérios viram vitrines de crise, e a base governista carece de nomes com real penetração nas comunidades evangélicas. Não há liderança, não há credibilidade. Há, apenas, um marketing desesperado.
O curso para evangélicos é só mais um teatro de aparências. Tentam convencer os religiosos de que existe compatibilidade entre o PT e os valores cristãos, enquanto escondem a falta de ação concreta para melhorar a vida das famílias que lotam as igrejas. Em vez de pontes, oferecem doutrina. Em vez de escuta, entregam roteiro. Em vez de respeito, tentam conversão política forçada.
A tentativa de Lula de “evangelizar” sua rejeição é mais um episódio do divórcio entre seu governo e a realidade. E o eleitor evangélico — diferente do que o PT pensa — sabe muito bem discernir entre fé e farsa.