Pelo menos 225 dos mais de 2.400 detidos durante os protestos contra a questionada reeleição do presidente Nicolás Maduro em julho foram libertados na Venezuela, informou o Ministério Público no sábado (16), enquanto ONGs confirmam a libertação de mais de 100 pessoas.
“Entre a tarde de sexta-feira (15) e sábado (16), foram concedidas e executadas 225 medidas de liberdade a pessoas processadas pelos atos de violência ocorridos após as eleições de 28 de julho”, indicou o MP em um comunicado.
O Ministério Público não especificou quais casos foram revisados. A ONG Foro Penal, à frente da defesa dos “presos políticos”, havia constatado até as 19h (21h de Brasília) a libertação condicional de 107 pessoas.
O Observatório Venezuelano de Prisões informou que, entre os libertados, há “quatro adolescentes” que estavam detidos em Guárico (centro).
Os relatos de libertações começaram na manhã de sábado em várias prisões, incluindo Las Crisálidas e Yare III (estado de Miranda), Tocorón (Aragua) e Tocuyito (Carabobo). A agência AFP constatou nove pessoas soltas da penitenciária Yare III.
O que houve durante as manifestações
Mais de 2.400 pessoas foram detidas durante as manifestações, que deixaram 28 mortos e quase 200 feridos, segundo dados do Ministério Público. Entre os detidos, havia 164 adolescentes, dos quais 69 continuam atrás das grades.
“Eu me sinto bastante bem, fico feliz de estar de volta na rua”, disse Alexis José Ochoa, de 64 anos, ao sair de Yare, onde os familiares receberam os recém-libertos entre aplausos, abraços e lágrimas.
“Nos tratam bem no presídio, mas o ruim foi a atitude dos policiais nacionais quando nos prenderam”, acrescentou. “Hoje, nos buscaram às 5h da manhã”. Entre brincadeiras, os policiais disseram: “Vai ser transferido (…) Está livre, garoto!”.
Alguns familiares foram notificados sobre as libertações, enquanto outros foram até os centros penitenciários devido a rumores que circulavam nas redes sociais.
“Hoje viemos porque soubemos pelas redes”, contou à AFP Alexandra Hurtado, de 47 anos, enquanto aguardava junto com cerca de 50 pessoas em frente a Yare, vestindo uma camisa com a foto de seu filho Oscar Escalona, de 23 anos, e a mensagem: “Não é terrorista, é inocente”.
G1.com